quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

As juventudes partidárias são muito importantes

Durante os cursos de Malandragem que leccionamos no nosso prestigiado estabelecimento de ensino, os nossos alunos frequentam as juventudes partidárias onde podem não só colocar em prática boa parte dos conhecimentos alcançados nas aulas, como também conseguem desenvolver novos conhecimentos na área da malandrice que como é sabido é demasiado vasta e exigente.
Nas juventudes partidárias os nossos alunos desenvolvem, nomeadamente, as seguintes valência:

1 - Aprende a entalar o próximo antes que ele te entale a ti.
É muito usual nas juventudes partidárias a apetência pela disputa dita salutar. É um conceito que vai ser muito útil ao longo da vida, nomeadamente quando passarem ao escalão sénior e tiverem de disputar, cada oportunidade. O segredo está em manter atenção à entrada de novos militantes que possam fazer-nos sombra. Tipo bons alunos ou jovens de grande integridade moral com expressão verbal fluente e boa imagem física. Antes que eles tenham a veleidade de dizer alguma coisa, devem ser silenciados para que ninguém os ouça e fique com a ideia que fazem falta. Ou seja, há que entalá-los.

2 – Agarra o tacho antes que ferva e deite por fora.
Um tacho é um tacho. Ou se agarra ou se larga. No início qualquer um serve, até uma assessoria do assessor do Adjunto do Sub-Secretário de Estado. Com o passar do tempo a coisa melhora e o tacho, com jeito, passa a panela de pressão e no fim consegue-se agarrar a Bimby.

3 – Actuar em rede e com sentido colectivo.
As juventudes partidárias são compostas por jovens. Vários. Quem tem olho regimenta um número considerável de miúdos e miúdas que dão muito jeito como mão-de-obra barata nas campanhas eleitorais. A ideia é fazer um figurão. Alguém lidera a tropa e mostra quem manda na caserna.

4 – Um ucraniano não faria melhor.
Na sequência do ponto anterior, mas aprofundando mais a ideia, as campanhas eleitorais são momentos de grande esforço colectivo. Alguém tem de mandar. Outros têm de obedecer. É preciso ter quem grite o nome do líder com convicção nos comícios, mesmo que seja Pedro Santana Lopes. É preciso ter quem agite bandeiras como fazem os Super Dragões. É preciso ter quem faça barulho nas ruas nas passeatas dos candidatos, com a mesma sonoridade das peixeiras do Bulhão. É preciso ter quem vista roupas ridículas com os símbolos do partido, parecidas às da Fátima Lopes. Enfim, trabalho não falta.

5 – Debate de ideias mesmo que seja em teoria.
As juventudes partidárias são férteis em ideias. E debatem-nas com profundidade. Por exemplo:
- É necessário debater a roupa que fica bem a um militante jovem quando vai à discoteca da moda.
- É preciso debater e demonstrar que não é estritamente necessário saber escrever português correctamente, para se desempenhar funções num Gabinete de Imprensa de um ministério ou autarquia.
- É preciso debater se um rally das tascas vai mais ao encontro das expectativas dos jovens do que uma sessão de esclarecimento sobre o aquecimento global.
- É preciso debater estratégias no sentido de abafar algum militante que tenha a mania de ser bom aluno, passar o tempo a estudar e tenha da política uma perspectiva de serviço público.
- É preciso debater que carro de serviço e que modelo de telemóvel configuram o cargo de assessor do assessor que se preparam para desempenhar.

Como podem observar, é muito interessante e profícua a frequência de uma juventude partidária. É uma espécie de incubadora de malandragem topo de gama. Quem tem ambições na política e não faz um estágio numa juventude partidária, não chega lá.

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial